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06 agosto 2012

O Cacique, o Xicoesperto e os Otários

06 agosto 2012 0 Comentários

OPINIÃO



As negociatas do FC Porto são um dos maiores cancros da Democracia Portuguesa. O FC Porto foi (… é!) um dos principais causadores da degradação da Democracia em Portugal. Um dos mais nefastos. Uma fonte de corrupção em permanente estado de actividade…


Um cacique português? Uma vida de corrupção, tráfico de influências, diatribices, traições e mentiras. Vaidoso e arrivista, o típico engana tolos, ou seja, especialista em atrair… tolos, ou seja, políticos – autarcas e ministros – portugueses para a sua beira. O simbólico personagem de Eça de Queirós: TEODORICO RAPOSO ( de A Relíquia)

 
Astuto e atrevido, o "Raposão" maduro que fala ao leitor, deixa para trás uma odisseia de aventuras amorosas e de vistosas devoções.
Teodorico é o herdeiro potencial da "horrenda senhora", sua tia, D. Patrocínio das Neves que, com o seu "carão lívido", o acolhe em sua casa, depois da morte do pai Raposo. Começa então a disputa pelos dinheiros e pelas propriedades da Titi, contra um rival de respeito: o próprio Jesus Cristo. 

 


O estratagema que há-de desbancar o rival diz muito de uma mentalidade que o Eça anticlerical trata de caricaturar. Teodorico empreende uma viagem à Terra Santa; de lá virá a relíquia que deveria converter a tia às virtudes do sobrinho. Só que Deus não dorme e a coroa de espinhos que o sábio Topsius cauciona é misteriosamente trocada pela camisa da “namoradinha de ocasião” Mary, rescendendo ainda aos delírios amorosos do "portuguesinho valente". Expulso do seio da Titi, Teodorico não perde tudo e herda um óculo: "- Para ver o resto de longe! – considerou, filosoficamente, Justino".
 
Em constante equilíbrio entre beatice e devassidão, Teodorico vai mais longe do que parece. Perpassa, no seu atribulado trajecto de aventuras e desventuras, uma reflexão sobre a hipocrisia e a duplicidade humanas.

Um xicoesperto português? Político autarca local, sem dimensão nacional sobrevive no meio, procurado apoios de personagens que entende serem caciques regionais, capazes de intimidarem e influenciarem eleitores a seu favor. Invejoso, amargo, ganancioso e subserviente aos poderosos gravita à volta do FC Porto. O simbólico personagem de Eça de Queirós: JULIANA ( de O Primo Basílio)

Mal aparece, n'"O Primo Basílio", Juliana está marcada. Logo de início, a criada de Luísa mostra umas feições "miúdas, espremidas"; e a "amarelidão de tons baços das doenças de coração" parece anunciar uma vida de frustrações e de sofrimentos. Como se isso não bastasse, o penteado deforma-a até à caricatura. De seu nome completo Juliana Couceiro Tavira, a criada disputa, no romance, protagonismo à patroa. E a chantagem que exerce sobre a adúltera Luísa chega a dividir o leitor, que oscila entre a repulsa e a tolerância. Porque, afinal a curiosidade doentia de Juliana, o seu azedume permanente não são fruto do acaso; eles decorrem de um ódio acumulado, resultado de uma vida oprimida, patroa atrás de patroa, alcunha atrás de alcunha: a isca seca, a fava torrada, o saca-rolhas. 

 


A personagem tem um histórico marcado por instituições mágoas, as quais influenciam o seu comportamento como empregada doméstica, independente de quem fossem os seus patrões. Luísa, a amante e proprietária da residência, tratava-a com bastante rispidez e a antipatia entre ambas foi aumentando. Tais comportamentos ocasionaram a construção de um ambiente carregado de inveja, ganância e humilhação. Para Eça: "Os olhos grandes, encovados, rolavam numa inquietação, numa curiosidade, raiados de sangue, entre pálpebras sempre debruadas de vermelho.”  E para que não se diga que nela nada de feminino sobrevive, aí está o seu fascínio pelo feitio da botina e pela pequenez do pé: "O pé era o seu orgulho, a sua mania, a sua despesa", diz-se dela; e é a própria Juliana quem o confirma, plena de erotismo recalcado, ávida de evidência social:
"- Como poucos - dizia ela - não vá, ele, com o outro ao Passeio!”

E os Otários? 

Somos nós!


 O destino deles é enganar tudo e todos.

Alberto Miguéns

NOTA: A Fundação vai ser extinta?! Vai, vai...

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