TÍTULOS OFICIAIS
NOTA: Já depois de publicado, no EDB, o texto anterior (15 de Abril de 2012), fui
contactado (via telefone) no sentido de “esclarecer” a diferença entre troféus
e títulos e o porquê da Taça Ibérica ser um troféu oficial.
Comecemos pelo último aspecto
Quem define o que é um jogo de uma competição oficial
ou não, não é o Alberto Miguéns (como é “mais do que” óbvio), o EDB, o Rui
Santos ou os media, portugueses ou estrangeiros. São as entidades que organizam
os jogos. E nem é necessário oficializar os jogos. É a essência ou competência
das entidades que caracterizam o jogo ou competição. Numa comparação com a vida
do ser humano, uma mãe ao dar à luz uma criança não precisa de anunciar que é
seu filho ou filha!
O futebol é um jogo (regras e objectivos) muito
simples – a praticar e observar - por isso tão apelativo. A organização das
competições, também é, muito simples apesar de bem estruturadas, daí serem tão
atractivas. Então, perdoem-me a descrição seguinte, se a acharem básica.
O futebol é praticado por clubes que organizam equipas de onze elementos
para se defrontarem. Ou por selecções de futebolistas escolhidos nas
equipas dos clubes.
Dois ou mais clubes fundaram as associações regionais {por exemplo, a AFL foi fundada em 23 de Setembro de 1910 por três clubes:
SC Império (sócio n.º 1), SC Campo de Ourique (sócio n.º 2) e SL Benfica (sócio
n.º 3)}.
Duas ou mais associações regionais fundaram as federações nacionais {por exemplo, a FPF foi fundada em 31 de Março de 1914 por três
associações: AFL, AF Portalegre (29 de Novembro de 1911) e AF Porto (10 de
Setembro de 1912)}
Duas ou mais federações nacionais formam as confederações continentais (por exemplo, a UEFA foi fundada em 15 de Junho de 1954 por 25 federações
nacionais, agora são 53)
As seis confederações continentais formam a FIFA. NOTA: A FIFA foi fundada em 21 de Maio de 1904, por sete países (Bélgica,
Dinamarca, Espanha, França, Holanda, Suécia e Suíça), como se vê “à revelia”
dos britânicos. Na actualidade são 208 as federações nacionais, repartidas
pelas seis confederações continentais. A FIFA só permitiu a formação das
confederações continentais quando as federações nacionais europeias exigiram a
criação da UEFA para que esta organizasse o Campeonato da Europa, pois a FIFA
só queria que existisse, num exclusivo, uma competição internacional, o
Campeonato do Mundo, a cada quatro anos, intervalado com os Jogos Olímpicos,
sendo o futebol modalidade olímpica. A UEFA é o resultado de uma luta, de três
décadas, consumada pelas principais, na época (início do século XX), federações - não britânicas - do futebol europeu.
Os clubes são fundados para jogar e as entidades para organizar
competições.
Se dois clubes
organizarem um jogo/competição este/esta é SEMPRE PARTICULAR, porque os clubes
não têm competência para organizar jogos nem competições, mas sim para
organizarem equipas.
Se uma
Associação Regional organizar jogos/competições entre clubes estes/estas
são SEMPRE OFICIAIS porque é para isso que as associações regionais foram
fundadas e existem. Mas… se duas Associações Regionais, por exemplo AFL e AF
Porto organizarem um jogo/competição entre as suas selecções estes/estas são
SEMPRE PARTICULARES porque as associações regionais só têm competência para
organizarem jogos/competições entre os seus filiados, os clubes.
Se uma
Federação Nacional organizar jogos/competições entre Associações Regionais
(ou clubes, por exemplo Taça de Portugal) estes/estas são SEMPRE OFICIAIS. Como
as Federações Nacionais têm competência para organizar jogos de clubes (porque
hierarquicamente estão acima das Associações Regionais) podem organizar
competições internacionais, entre clubes ou selecções regionais, daí a Taça Ibérica
(entre o campeão português e o espanhol) ser oficial. Tal como a Taça
Latina (organizada por quatro federações nacionais). Mas… se duas
federações nacionais organizarem um jogo/competição entre as suas selecções estes/estas
são SEMPRE PARTICULARES porque as Federações Nacionais só têm competência para
organizar jogos/competições entre as suas filiadas: as selecções das
Associações Regionais ou os clubes destas. E não entre selecções nacionais, daí
os jogos entre Portugal e Espanha, organizados pela FPF ou RFEF, por exemplo,
serem particulares. Se por exemplo, a FPF e a RFEF decidissem organizar uma
Taça Ibérica entre selecções regionais ela era oficial, mas entre selecções
nacionais seria particular.
Seguindo o mesmo critério, se a UEFA e, por exemplo, a
confederação Sul-Americana (CONMEBOL) organizarem um jogo/competição entre as
suas selecções este/esta será SEMPRE PARTICULAR. Já os jogos/competições entre
clubes ou selecções regionais/ nacionais das Confederações Continentais são
SEMPRE OFICIAIS (por exemplo, Liga dos Campeões da UEFA, Taça das Regiões da
UEFA (existe!) ou Campeonato da Europa).
Tudo o que a FIFA organiza é OFICIAL, como é óbvio,
seja de clubes ou de selecções, regionais, nacionais ou continentais. Não há
jogos particulares organizados pela FIFA! Porque é, em hierarquia, a entidade
máxima. Em termos de organização, porque em termos de regulamentação das leis
de jogo já não é assim, ao contrário do que muitas vezes se escreve e diz por
aí. Essa competência pertence ao “Internacional Board”, composto por 4
elementos da FIFA e 4 elementos (um de cada uma das quatro federações
britânicas) que têm lutado – sempre e muito desde a fundação da FIFA – para não
perderem o controle da espírito do jogo de futebol, que recordemos foi
“inventado” em Londres, a 26 de Outubro de 1863, com a criação da FA (The
Football Association) actual Federação Inglesa. Mas, isso é outra história.
Quanto à diferença entre título e troféu.
Um título consagra o vencedor de uma competição
organizada por uma entidade oficial, permitindo ao vencedor defender o título
na temporada seguinte, daí os clubes campeões regionais, nacionais, na Taça de
Portugal, Liga dos Campeões ou Liga Europa; e selecções campeãs da Europa ou do
Mundo estarem automaticamente apurados para a edição seguinte, se bem que por
questões de “apurar a forma” se tenha optado, nas últimas edições, por colocar
as selecções campeãs a garantirem o apuramento através de jogos oficiais e não
com particulares. Há excepções, como na Liga Europa em que o clube vencedor
pode optar pela Liga dos Campeões (se conseguir classificar-se) ou os clubes
vencedores das divisões inferiores, por a promoção à divisão superior
constituir o principal objectivo.
NOTA: O Benfica em 1962/63 foi finalista da Taça dos
Clubes Campeões Europeus, apesar de ter ficado em 3.º lugar no Campeonato
Nacional de 1961/62. E apenas o campeão nacional ter acesso à competição. Só
que tratando-se de um título o clube titulado podia defendê-lo. E assim foi.
Um troféu consagra uma competição auxiliar, para
preencher calendário, aumentar receitas, possibilitar dar minutos a jogadores
menos utilizados nas competições principais, etc., não havendo necessidade de
“defender o título” pois não existe. Além disso, em Portugal, a FPF
regulamentou que os jogos das competições que consagram os vencedores com
títulos portugueses têm de ser disputados, obrigatoriamente, em território
nacional. Por isso, há alguns anos, recusou que o SC Campomaiorense recebesse
em Badajóz jornadas do campeonato nacional. Mas a “Supertaça Cândido de
Oliveira” já se jogou, até mais de uma vez, fora do território nacional (em
Paris, por exemplo). Por que é um troféu. Se consagrasse o vencedor com um
título não podia ser disputada fora de Portugal (Continente, Madeira ou
Açores).
O Benfica conquistou a Taça Latina em 1950, mas não
foi defendê-la na edição seguinte pois a Taça Latina é um troféu, não é um
título.
Se formos rigorosos, porque o futebol não nasceu em Portugal no final da
época de 1921/22 (primeira edição da Taça de Portugal, ainda com a designação
de Campeonato de Portugal) nem na Europa, no final da temporada de 1948/49
(primeira edição da Taça Latina), mas sim com as competições regionais que
durante muito tempo (1921/22 a 1946/47) até apuravam para as competições
nacionais, organizadas pela FPF, o Benfica conta com
106 troféus oficiais (4 internacionais, 67 nacionais e 35 regionais), dos quais
71 são títulos (2 TCCE’s, 32 campeonatos nacionais, 27 Taças de Portugal, três
com o nome de Campeonato de Portugal) e 10 campeonatos regionais (9 organizados
pela AFL e um (o primeiro, em 1909/10) pela Liga Portuguesa de Futebol,
antecessora da AFL.
Alberto Miguéns
NOTA: O Rui Santos do Tempo Extra (SIC-N) é um Palerma com Cunhas. Impressiona o modo como é pretensioso, mal educado, intriguista e medíocre. Ao contrário do que quer e fazem crer, é um lambe-botas dos poderes instalados. Por isso Pinto da Costa, e os outros andróides, deixa-o andar pela SIC. Quem o conhece do tempo de "A Bola" do Roque e da Amiga (Ele e Carlos Queiróz, não sei quem faz de Roque e de Amiga) sabe que dali só sai m...
NOTA2: O Benfica (dirigentes indigentes) também é responsável porque eles não se interessam por estes "assuntos". Querem lá saber do número de títulos. Preferem ser fotografados com a Taça da Liga. As "outras" nem foram eles que as ganharam. Foi o Maurício? Merece uma homenagem! Que fazer com esta gente?
NOTA2: O Benfica (dirigentes indigentes) também é responsável porque eles não se interessam por estes "assuntos". Querem lá saber do número de títulos. Preferem ser fotografados com a Taça da Liga. As "outras" nem foram eles que as ganharam. Foi o Maurício? Merece uma homenagem! Que fazer com esta gente?
carrega Alberto!! mt bom so e' pena que nao possas estar na BenficaTV.
ResponderEliminarum abc
Quero convidar os amigos benfiquistas a escreverem ao Provedor do Telespectador da RTP exigindo uma satisfação pelo saneamento de João Gobern:
ResponderEliminarhttp://www.rtp.pt/wportal/grupo/provedor_tv/enviarmensagem.php
A RTP pode enfiar um canal no rabo do PdC, o Porco Canal, mas despede-se um comentador por ser do Benfica?
Caro Alberto muito obrigado pela explicação, continue assim o bom trabalho na defesa do benfica pelo menos neste blog.
ResponderEliminarCaramba eu até pagava para o ver a si ou o António naqueles programas nojentos nas segundas e terças em que o benfica é enxovalhado e ninguém nos defende com factos claros e chama os bois pelos nomes como vocês fazem aqui.
Grande Miguéns. Quem sabe ,sabe e esse do cabelo ensebado não sabe nada de nada!
ResponderEliminarVIVA O BENFICA!
Abraços
maria
Parabéns por todos os seus posts. A verdade dá muito trabalho mas só assim é valorizada. Sortudo do clube que tem adeptos assim.
ResponderEliminarContinuo sem entender o porquê de não contabilizar as Taças Ribeiro dos Reis.
ResponderEliminarJá procurei em todo o lado e mais algum e nunca vi uma única referência que fosse que afirmasse que a competição não fosse absoluta, ou seja, que fosse de reservas.
De resto, em jogos desta competição, participaram com as nossas cores nomes como Eusébio, Torres, Toni, Messias, Vitor Martins.
Era, sim, uma taça de encerramento.
Gostava portanto que me esclarecesse acerca desta, uma vez que nunca respondeu ao e-mail que lhe enviei acerca deste assunto.
Agradecido desde já.
Pedi a uma Benfiquista para publicar no "Ser Benfiquista" uma digitalização de uma página do Relatório do SLB onde a Taça Ribeiro dos Reis é uma competição disputada pela categoria Reserva. A competição era aberta a equipas de Honra e Reserva mas os clubes tinham de indicar à FPF com qual categoria se apresentavam. O Benfica indicou em TODAS as participações Reserva. Para o Benfica as TRR's fazem parte do palmarés da Reserva.
EliminarSaudações Benfiquistas
AM
Agradeço o esclarecimento, mas continuo sem entender. Se a taça era aberta a equipas de honra e foi conquistada por equipas de reservas isso no meu entender não significa que a taça não seja incluida no palmarés principal...
ResponderEliminarPronto, até certa forma percebo, uma vez que foi conquistada pelas "reservas" embora bem apetrechadas por nomes como Cavém, Eusébio, Torres ou Toni (isto em edições diferentes).
Já agora, disputámos todas as edições com as reservas? a de 66 de certeza que sim, devido ao Campeonato do Mundo.
Cumprimentos.
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