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30 outubro 2011

O Decano dos Futebolistas faz 92 anos (actualizado com nota sobre como Guilherme Espírito Santo se encontra neste momento)

30 outubro 2011 3 Comentários
 
BIOGRAFIA
                   

Em Miratejo haverá festa! Nós, os adeptos Benfiquistas, com destaque para os futebolistas e para o atletismo, temos de agradecer o facto do nosso decano do futebol/ atletismo completar hoje 92 anos de uma vida esplendorosa de sobriedade, lisura e dedicação sem mácula. Não é estarmos a ser simpáticos. É sermos verdadeiros e reconhecidos por isso! Espírito Santo comemora o 92.º aniversário. Muitas felicidades Senhor Glória Guilherme.


Benfiquismo: De Lisboa para Luanda; de Angola para Portugal
Guilherme Santana Graça do Espírito Santo nasceu na cidade de Lisboa, em 30 de Outubro de 1919. Ainda muito novo, aos oito anos, foi viver com a mãe para Luanda. Já era Benfiquista – desde que se lembra, desde os três anos – quando foi para Angola. Foi na filial luandense (Sport Lisboa e Luanda) do “Glorioso” que se iniciou no futebol, jogando duas épocas: 1935 e 1936. Em Julho de 1936, aos 16 anos, rumou para Lisboa, para continuar (estar “apenas” concentrado…) os estudos. Trazia uma “carta de recomendação” dos dirigentes do SLL que entregou na Secretaria do SLB, na rua Jardim do Regedor. Foi treinar ao nosso estádio das Amoreiras. Agradou. Ficou.


Pelo Benfica: decano dos futebolistas
Estreou-se no “Glorioso”, em 20 de Setembro de 1936, num jogo particular com o Vitória FC, em Setúbal, no campo dos Arcos. O Benfica venceu, por 5-2, com Espírito Santo a entrar ao intervalo, marcando um golo aos 85 minutos. Conquistou a titularidade desde logo, permitindo ao clube do “Manto Sagrado” resolver o problema do abandono precoce de Vítor Silva avançado-centro, Glória do Benfica e de Portugal, após lesão grave num joelho, recordista de golos no Benfica (202) e na Selecção Nacional (8).
Espírito Santo é o nosso futebolista mais idoso, com 92 anos. Quatro vezes campeão nacional e vencedor de três Taças de Portugal, detém ainda hoje vários recordes de precocidade no futebol do “Glorioso” e em Portugal. Estreou-se: na equipa principal a jogar e a marcar um golo com 16 anos, dez meses e 21 dias; num jogo oficial, para o campeonato regional, com 16 anos, onze meses e onze dias; no campeonato nacional da I Divisão, com 17 anos, dois meses e onze dias estreou-se a jogar e a marcar.



Por Portugal: O mais antigo internacional e goleador
Foi o 98.º internacional português, estreando-se na Selecção Nacional, ao 36.º encontro de Portugal, em 28 de Novembro de 1937, com 18 anos e 29 dias, no XIII Espanha-Portugal (V 2-1, em Vigo, no Estádio dos Balaídos) e atingiu a 8.ª internacionalização, em 21 de Maio de 1945, no V Suíça-Portugal (D 0-1, em Basileia, no Estádio do Rankof).
Foi o 17.º goleador português, marcando um golo, com 18 anos, dois meses e dez dias, em 9 de Janeiro de 1938, no III Portugal-Hungria, fazendo o 1-0, aos onze minutos, no 37.º jogo internacional de Portugal. Actualmente, é o decano dos marcadores de golos na selecção nacional e o internacional português mais antigo (a par do barreirense Artur Quaresma).



Pelo Atletismo: campeão e recordista nacional
Em 1938, enquanto treinava no Estádio das Amoreiras, e procurava uma bola que saíra de campo, deixou espantados, os atletas do “Glorioso” que treinavam o salto em altura. Com pouquíssimo treino bateu, no Verão de 1938, os recordes nacionais de salto em altura (que datava de… 1915, há 23 anos), salto em comprimento e triplo salto. Sagrou-se campeão nacional júnior e sénior, individual e por equipas. Melhorou o recorde nacional do salto em altura, por duas vezes, em 1940. Os 1,88 metros duraram 20 anos, até… 1960! Sem possibilidade de praticar, a nível elevado – com consistência e seriedade – duas modalidades, dedicou-se em exclusivo ao futebol! Passou rapidamente pelo atletismo, mas com o poder de uma estrela cintilante, num rasgo de brilhantismo inexcedível.



Manto Sagrado: despedida aos 30 anos
Em 8 de Dezembro de 1949, com 30 anos, despediu-se numa festa de homenagem, organizada no nosso Estádio do Campo Grande, na vitória por 7-1 com a equipa da Associação Académica de Coimbra, instituição que sempre admirou! Jogou os últimos 15 minutos, a avançado-centro, despedindo-se para sempre do futebol. Participou durante 12 temporadas na equipa principal do “Glorioso”, com nove épocas a titular. Jogou um total de 24 561 minutos (correspondentes a 17 dias a jogar ininterruptamente) em 285 jogos marcando 199 golos. Entre 4 de Abril de 1937 e 17 de Abril de 1938, durante um ano, participou nos 42 jogos consecutivos da nossa equipa principal de futebol, num total de 3 735 minutos.
Entre 285 jogos e 199 golos, em destaque 116 jornadas e 79 golos no campeonato nacional, 22 jogos (e 16 golos) na Taça de Portugal, 60 jornadas (e 45 golos) no campeonato regional de Lisboa, oito encontros (seis golos) na Taça de Honra da AFL, um jogo e um golo na “Taça Império” (inauguração do Estádio Nacional, no Vale do Jamor), 44 jogos (e 36 golos) em particulares nacionais, sete jogos internacionais particulares e 15 encontros (e sete golos) em jogos nacionais em torneios.
Após deixar o futebol continuou a representar o Benfica na modalidade de Ténis, jogando durante três décadas, mostrando nos “courts” a sua vocação de desportista, sagrando-se campeão regional e nacional em representação do Clube.



Pela Família: um exemplo de vida
Depois de deixar de jogar, continuou empregado no “Grémio das Mercearias”, onde se reformou em 1984, aos 65 anos.
Uma vida pessoal (e familiar) muito preenchida: de Lisboa para Luanda, de Angola para Portugal e para o Benfica. Jogador popular, pela qualidade de jogo, capacidade em marcar golos e correcção para com todos – de companheiros, a adversários e espectadores – nunca deixou de ser quem sempre fora. Ainda hoje é assim! A família foi quem mais beneficiou, com o seu exemplo de pessoa íntegra e distinta. Em 2005 foi convocado para outro jogo: dar “mimo” à bisneta Marta, acompanhado pela sua senhora, companheira de uma vida, que infelizmente já não estando entre nós, fisicamente, está no coração dos Benfiquistas.



Obrigado Guilherme Espírito Santo. Parabéns pelos 92 anos. Esperamos por muitos mais, pelo menos até, aos 100 anos… Combinado!?

Alberto Miguéns

NOTA:Questionado por leitores do EDB (e Benfiquistas) acerca de "como está GES?" posso dizer-vos que falei com ele, hoje 30 de Outubro, pelas 18.30 horas e que, apesar da memória o ir traindo (própria de um nonagenário) senti-o com "vontade" de envergar o "Manto Sagrado" para poder substituir o nosso Rodrigo e ainda marcar o golo que "lhe falta" para fazer o número redondo de 200!


Guilherme Espírito Santo é um ser fantástico! Só podia ser do "Glorioso"!




3 comentários
  1. Excelente, esta reportagem.

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  2. Obrigado por este autêntico serviço público benfiquista

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  3. A bisneta Marta passou mais um aniversário com o avô Gui e agradece esta reportagem.

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